Acabo de ter acesso a um livro organizado pela ativista sueca Greta Thunberg sob o título de “The Climate Book” e pode se dizer que o mesmo traz um acervo impressionante de conhecimento sobre as evidências científicas sobre as causas e consequências das mudanças climáticas. Um mérito da obra é que a mesma não se restringe às complicadas análises sobre a natureza físico-química das mudanças que estão ocorrendo na atmosfera da Terra e que, consequentemente, têm alterado o comportamento do tempo atmosférico e do clima.
Um mérito é fazer a análise da distribuição desigual das responsabilidades pelo caos climático que objetivamente castiga mais os países mais pobres e os mais pobres dentro deles.
Um gráfico que me chamou a atenção em uma primeira leitura de alguns dos capítulos do “Climate Book” está colocado abaixo, e mostra o impacto dos diferentes níveis de renda sobre as emissões de CO2. O que fica evidente é que enquanto os 10% mais ricos da população mundial respondem por 49% das emissões de CO2, os 10% mais pobres respondem por apenas 7%!
Essa distorção na capacidade de emissão de um dos principais causadores do aquecimento da atmosfera da Terra reflete ainda as graves desigualdades que existe na economia global, pois a grande parte desses 10% mais ricos está localizada nos países capitalistas desenvolvidos.
Entretanto, quando as cúpulas climáticas são reunidas em resorts e outros locais luxuosos, toda a discussão é encaminhada para um caminho onde todos têm que “arcar com os sacríficios” do ajuste climático, o que apenas serve para reforçar o padrão de injustiça ambiental que existe sob o Capitalismo.
Por essas e outras é que só haverá algum tipo de solução positiva se o debate climático for tirado das mãos dos governos e corporações multinacionais que são quem causam o problema para começo de conversa. Do contrário, o que estamos vendo neste momento em partes do Brasil é apenas uma fase inicial do processo catastrófico em que estamos metidos.