Ontem fiz uma postagem sobre uma discussão que estava ocorrendo em torno da toxidade ou não da lama que está dentro da calha do Rio Doce após o rompimento da barragem de rejeitos da Mineradora Samarco em Mariana (Aqui!). Até ali a pendenga se dava porque a Samarco e sua corporação mãe . a Vale, afirmavam categoricamente que não havia contaminantes com potencial tóxico no material que está fluindo do Rio Doce para o mar em Regência.
Pois bem, a polêmica sobre se o tsunami de lama trouxe riscos tóxicos foi resolvido hoje com a divulgação de diferentes análises que foram feitas nos sedimentos e na água do Rio Doce, e as evidências apontam para a presença de metais pesados no material coletado após o dia 05 de Novembro quando ocorreu o incidente em Bento Rodrigues. Como mostram as imagens abaixo, até a Vale agora reconhece que há um nível alto de metais pesados e outros elementos potencialmente contaminantes nas águas e nos sedimentos analisados.
Nesse reconhecimento da Vale existem duas “pegadinhas”. A primeira é que a Vale só reconhece a presença de metais pesados ou não na água e nos sedimentos do Rio Doce quando isto se tornou inevitável após a divulgação de diferentes análises como é o caso da que foi realizada pelo Instituto Mineiro de Gestão de Águas (Igam) (Aqui!). Já a segunda pegadinha que é bem esperta é a de jogar a culpa da presença dos contaminantes sobre autores desconhecidos que cometeram o “crime” num passado indefinido, sobrando ainda para a Natureza (essa eterna culpada).
O mais interessante é que repetindo outras corporações flagradas em situações complicadas, a Vale anunciou que vai estabelecer “voluntariamente” um fundo para recuperar o Rio Doce (Aqui!). Difícil mesmo vai ser convencer a população das áreas atingidas que essa promessa é genuína, e não apenas uma tática de procrastinação frente às inevitáveis ações que a empresa vai sofrer na justiça por pessoas e municípios que foram prejudicados com o derrame desse material que agora sabe tem sim potencial tóxico.
Em uma aparente reação a esse anúncio, o Ministério Público do Espírito Santo recomendou nsta 6a. feira que a população não use a água captada do Rio Doce. Além disso, o MPES entrou com ação de busca e apreensão dos laudos que atestam a qualidade da água em Colatina e estava aguardando o resultado das análises dos documentos para decidir se proíbe a captação ou não (Aqui!).
Um aspecto final é o fato de que a partir desse reconhecimento os dirigentes da ONU que foram desmentidos em suas afirmações sobre a toxidade do material despejado no Rio Doce quase certamente vão voltar á carga, jogando ainda mais lama na reputação da Vale e da BHP Billiton.


