A edição do jornal Folha da Manhã que circulou ontem e hoje (02/10) traz uma matéria sobre a greve em curso na Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) sob o título “Alunos preocupados com a greve” [1], onde são entrevistados 3 estudantes descontentes com o movimento.
Um detalhe é que essa matéria nasceu de um diálogo que mantive com um número maior de estudantes dentro de um grupo, o UENF, existente na rede social Facebo acerca do movimento. As trocas de opinião que ali ocorreram motivaram então essa matéria.
Ao ler a matéria, verifiquei que há uma grande lacuna na forma que a mesma foi construída. É que ficaram ausentes da matéria uma análise mínima da situação dramática em que a instituição se encontra após quase 2 anos de falta de verbas de custeio (lembremos que foi em Outubro de 2015 que o (des) governo Pezão entregou essas verbas à Uenf) e o responsável por isso, o (des) governador Luiz Fernando Pezão.
É importante notar que a matéria produz uma relação falaciosa (falo aqui no sentido estatístico) entre os prejuízos na pesquisa que a greve estaria causando. A verdade é que no Canal que a Aduenf mantém no Youtube [2] existem vários depoimentos de que o processo de destruição dos projetos de pesquisa existentes na Uenf se deve ao sucateamento da Faperj pelo mesmo (des) governo Pezão, e também na crise instalada pelo governo “de facto” de Michel Temer no CNPq.
Ao relacionar a greve com prejuízos no funcionamento cotidiano e omitir o papel central do (des) governo Pezão na crise instalada nas universidades estaduais e nas escolas da Faetec, o que esta matéria faz é jogar a culpa nas vítimas enquanto deixa os culpados livres para continuarem seus ataques contra servidores e contra instituições esratégicas para que o Rio de Janeiro possa sair da crise em que foi colocado por uma mistura de corrupção, farra fiscal e incompetência administrativa.
Finalmente, há que se salientar que, ao contrário do que a matéria afirma, esta não é uma das greves mais longas que foram impostas à Uenf pelo (des) governo que é comandado pelo PMDB há mais de uma década. Mas certamente esse movimento paredista é um dos mais atacados e sabotados de todos os que participei em quase 20 anos na Uenf. Os motivos para este ataque são muitos, mas o principal parece ser o de quebrar o processo de resistência que a greve colocada em marcha contra o processo de privatização da Uenf e das demais unidades que oferecem ensino superior público gratuito. Entender a natureza desse ataque é fundamental para que se fortaleça a resistência a esse projeto maior.
E como eu disse em muitas das minhas interações no Grupo UENF no Facebook, é preciso que se saia do processo de guerra cibernética contra os professores e um movimento legítimo para uma pressão direta sobre o (des) governador Pezão, o real culpado pela crise instalada na Uenf.
[1] http://www.folha1.com.br/_conteudo/2017/09/geral/1225393-alunos-preocupados-com-a-greve.html.
[2] https://www.youtube.com/channel/UC-uMY_uzGefUpoKHZ3yqBmw/videos?sort=dd&shelf_id=0&view=0
Matéria altamente tendenciosa. Não gosto de argumentos de autoridade, mas pedir a alunos de graduação um diagnóstico sobre a pesquisa na UENF me parece até má fé.
Depois reclamam porque jornalista não precisa mais de diploma…
CurtirCurtir