Intacta 2, a soja sob medida para suprir a China e para garantir os lucros fabulosos da Bayer

bayer intacta 2A multinacional alemã Bayer anuncia a aprovação pela China da soja Intacta 2 que é geneticamente modificada para tolerar os herbicidas Glifosato e Dicamba

A multinacional alemã Bayer (aquela vende desde veneno até remédio) acaba de anunciar que o “Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China (MARA) concedeu certificado de segurança para importação de soja Intacta 2 para uso em alimentos/ração”.  A Bayer acrescentou ainda que “a Intacta 2 passou por um longo processo de revisão e aprovação conduzido pelo governo Chinês e obter essa aprovação é muito importante para o lançamento da Plataforma Intacta 2 Xtend® no Brasil, previsto para a safra 2021/22″.

Pois bem, o que o anúncio da Bayer não trouxe foi a informação que a semente da soja Intacta 2 é tolerante aos herbicidas Glifosato e Dicamba, que obviamente a empresa produz em larga escala, e que estão passando por um processo de ampla restrição em outros países por seus efeitos danosos à saúde humana e ao meio ambiente.  Há que se lembrar que o Glifosato tem sido associado ao aparecimento do Linfoma Non-Hogdkin, enquanto que o Dicamba teve sua venda suspensa nos EUA por causa dos danos causados em outras culturas que estejam próximas dos cultivos de soja.

Com esse anúncio da Bayer também fica mais claro porque apenas em 2020, o Ministério da Agricultura comandado pela “Musa do Veneno”, Tereza Cristina (DEM/MS), aprovou quatro novos produtos contendo o Dicamba para serem vendidos no mercado brasileiro, sendo três deles fabricados primariamente por empresas sediadas na China. O interessante é que tudo isso acaba mostrando que a enxurrada de aprovação de agrotóxicos altamente perigosos que está sendo promovida pelo governo Bolsonaro visa garantir os lucros fabulosos de multinacionais como a Bayer do que uma suposta preocupação com a redução no nível de toxicidade e do custo dos agrotóxicos vendidos no Brasil.

Trocando em miúdos, com essa aprovação da Intacta 2, a China ganha dos dois lados: por um lado garante o suprimento de soja barata produzida no Brasil e, por outro lado, continua como a principal fonte de agrotóxicos altamente perigosos para abastecer o latifúndio agro-exportador brasileiro.  Já Bayer garante a manutenção de suas altíssimas taxas de lucro combinando a venda de uma semenda geneticamente modificada da qual detém os direitos de propriedade com o despejo no Brasil de agrotóxicos cuja venda está sendo restringida em outros países.

Enquanto isso no Brasil, o que teremos é o avanço do processo de envenenamento ambiental e da população brasileiro, bem como a expansão da franja de desmatamento em todos os nossos biomas florestais, especialmente na Amazônia e no Cerrado. Isto sem falar de produtores agrícolas que tenham o azar de cultivar outros tipos de semente de soja que sejam sensíveis ao Dicamba.

A síntese desse processo em que o Brasil internaliza todos os ônus sociais e ambientais já se tornou conhecida pela máxima de “passar a boiada”.

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