Conflito da mineração em Belisário: CBA/Votorantim em pleno uso do “enamoramento corporativo”

Venho acompanhando o conflito sócio-ambiental que envolve as comunidades que tradicionalmente habitam o entorno do Parque Estadual Serra da Brigadeiro  (PESB) desde que o Frei Gilberto Teixeira foi ameaçado de morte por causa de seu papel de liderança na organização da resistência à proposta expansão da mineração da bauxita naquele importante fragmento de Mata Atlântica (Aqui!Aqui! e Aqui!).  Por conta da divulgação desse conflito,  já fui notificado extra-judicialmente e até processado pelos representantes legais da Companhia Brasileira de Alumínio  (CBA) (Aqui! e Aqui!).

Por outro lado, já notei também no dia 10 de Maio ( Aqui!) o uso da tática que eu rotulei em um capítulo de livro publicado em 2004 de “enamoramento corporativo” (Aqui!). O “enamoramento corporativo”  consiste no emprego de táticas de aproximação utilizadas peas corporações com o intuito de angariar apoio político e social para empreendimentos com alto potencial de degradação ambiental e, que por isso, enfrentam resistências de determinados grupos que serão diretamente prejudicados pela existência do mesmo.

Pois bem, como já notado no dia 10 de Maio, a CBA e a Votorantim aparentemente escolheram o município de Rosário da Limeira, que fica nos limits do PESB, como uma espécie de laboratório do seu enamoramento corporativo, tendo como instrumento a realização de oficinas em que a comunidade local seria mobilizada para construir “novos sonhos” (cheios de mineração de bauxita ao que tudo indica). Para isso, a CBA/Votorantim já angariaram o apoio da Prefeitura Municipal de Rosário da Limeira, bem como a participação do Instituto Elos, uma organização não-governamental especializada em intervenções comunitárias (falarei mais do que já descobri sobre o Instituto Elos mais adiante).

Como já visitei diversas vezes o município de Rosário da Limeira e conheço a Praça Central fico até imaginando as maravilhosas transformações que vão ocorrer para que aquele bucólico ponto da cidade se torne uma máquina de fazer sonhos (corporativos, é claro).

Mas agora voltando as minhas atenções para o Instituto Elos (Aqui!) que fica localizado no tradicional bairro do Boqueirão na cidade de Santos (SP), que fica 717 km distante de Rosário da Limeira, pude logo verificar que essa organização não-governamental entende bem do tipo de “exercício” que irá realizar sob contrato da CBA/ Votorantim, com mais de 20 anos de experiência no ramo.

Uma fonte deste blog que é familiarizada com as atividades do Instituto Elos em São Paulo me informou que entre os clientes desta ONG estão grandes empresas e órgãos públicos. além disso, fui informado que muitos projetos de mobilização seguindo a metodologia do Instituto Elos já foram realizados em comunidades pobres onde objetivamente são alcançadas mudanças pontuais na realidade pretérita. A este tipo de intervenção que fala em mudança para garantir que nada de essencial mudará, o sociológico Gustavo Lima já associou o conceito de “conservadorismo dinâmico”(Aqui!).

O que me deixa realmente curioso não é tanto o uso da tática do enamoramento corporativo em Rosário da Limeira, pois essa é uma ação recorrente por parte da CBA/Votorantim, mas sim o momento em que a mesma será estendida ao distrito de Belisário, onde se encontra o Frei Gilberto Teixeira e outros ativistas que não serão facilmente convencidos a se enamorarem com a presença das cavas de mineração de bauxita da CBA/Votorantim. A ver!

 

 

Um comentário sobre “Conflito da mineração em Belisário: CBA/Votorantim em pleno uso do “enamoramento corporativo”

  1. Pingback: Conflito da mineração na Serra do Brigadeiro: comissão lança nota de repúdio ao prefeito de Rosário da Limeira | Blog do Pedlowski

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