Governos em todas as partes do mundo estão neste momento procurando saídas científicas para a pandemia do Coronavírus, o que implica em alocar mais recursos para os sistemas nacionais de ciência e tecnologia. Mas como o Brasil possui hoje um governo que objetivamente despreza a contribuição da ciência para a resolução dos grandes problemas nacionais, o que temos é mais cortes de bolsas de pós-graduação, sendo o que informa o “Direto da Ciência“.
Segundo o que informa o “Direto da Ciência”, a direção da CAPES está abandonando uma portaria anterior que foi negociada com o Fórum Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação (Foprop), entidade que reúne pró-reitores de pós-graduação de cerca de 250 instituições brasileiras.
É preciso lembrar que os valores das bolsas de pós-graduação são relativamente baixos e não trazem consigo nenhum tipo de direito trabalhista, jogando esses anos de formação altamente especializada em uma espécie de limbo trabalhista. De quebra, os bolsistas, mesmo aqueles que estudam doenças altamente contagiosas, realizam suas atividades sem a proteção de planos de saúde, o que deixa por conta deles os custos de tratamento para acidentes ou enfermidades adquiridas durante o período de vigência das bolsas.
O impressionante é que atravessamos um momento em que o orçamento das agências de fomento já estão precarizados por causa de vários anos de desinvestimento. Ao aprofundar os cortes nas bolsas, o governo Bolsonaro contribui para a aceleração da destruição do sistema nacional de pós-graduação.
E tudo isso em um momento em que o mundo atravessa uma das piores crises sanitárias da história recente com a pandemia do coronavírus. E justamente neste momento de grande demanda para o desenvolvimento de medicamentos e instrumentos de testagem, o governo Bolsonaro decide aprofundar a crise financeira da ciência brasileira. Se isso não for atentar contra a segurança nacional, eu não sei o que poderá ser.
Finalmente, é preciso notar que há vários não se vê a presença pública do ministro da Ciência e Tecnologia, o astronauta Marcos Pontes. Essa ausência não seria nada se uma pasta tão estratégica para a conjuntura que atravessamos não estivesse sendo completamente asfixiada.