
Gustavo Barbosa, então diretor-presidente do RioPrevidência e atual secretário estadual de Fazenda recebendo um dos dois prêmios concedidos pela revista Latin Finance pela operação de captação de recursos relizada no paraíso fiscal de Delaware.
Já mencionei por diversas vezes neste blog a estranha operação financeira realizada pelo (des) governo do Rio de Janeiro, com autorização da Assembleia Legislativa, que captou US$ 3.1 bilhões por meio da criação de um trust no paraíso fiscal de Delaware na costa leste dos EUA (Aqui!, Aqui! e Aqui!).
Pois bem, questionado novamente por uma leitora deste blog sobre essa operação peculiar e que transformou o RioPrevidência uma presa dos chamados fundos abutres (Aqui!), pus-me a fazer uma nova pesquisa sobre o assunto, e acabei achando uma nota na página do próprio RioPrevidência que seria engraçada, se não estivesse impregnada de um forte elemento de tragédia.
É que na nota intitulada “Rioprevidência ganha dois prêmios internacionais por Operação Financeira” que foi publicada no dia 26 de Janeiro de 2015, somos informados que a operação realizada em Delaware havia recebido dois prêmios concedidas pela revista especializada em finanças Latin Finance, mais especificamente nas categorias de “Melhor Operação Estruturada do Ano” e “Inovação Financeira do Ano” (Aqui!).
Eis que procurando na página da Latin Finance (Aqui!), e encontrei imagens da festa de gala (que foi anunciada como para ser opulenta) da entrega dos prêmios dados pela revista ao RioPrevidência, a qual ocorreu no dia 15 de Janeiro de 2015 no Gotham Hall, o qual fica localizados num dos melhores pontos da cidade de Nova York. E é nas imagens que as coisas ficam interessantes, pois mostram o então diretor-presidente do RioPrevidência e atual secretário de Fazenda do estado do Rio de Janeiro recebendo os prêmios e se confraternizando com os responsáveis pela operação numa das mesas do banquete (ver imagens abaixo.
Um detalhe curioso para dizer o mínimo é que a mesa 15 onde o atual secretário estadual de Fazenda está sentado é identificada como sendo a reservada para o banco francês BNP Paribas, que vem ser justamente uma das três instituições financeiras que deram suporte logística para a realização da operação que naquela noite recebia dois prêmios, mas que hoje se mostrou um completo desastre para as finanças do RioPrevidência e, por extensão, do estado do Rio de Janeiro.
Há que se lembrar que esta operação foi realizada para supostamente pré-pagar uma dívida com o Banco do Brasil que, coincidentemente ou não, também ocupou um papel decisivo na realização da operação financeira realizada em Delaware. Se isto não se revela um conflito de interesses, eu não sei o que se revelaria.
Eu fico me perguntando porque até o momento a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro não criou uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar as circunstâncias desta operação “premiada”. É que inevitavelmente um dos convocados para prestar esclarecimentos seria o então diretor-presidente, e atual secretário estadual de Fazenda, Gustavo Barbosa. Aí poder-se-ia matar múltiplos coelhos com uma cajadada só. É que além de perguntar sobre a operação realizada em Delaware, os nobres deputados também poderiam perguntar, entre outras coisas, sobre a festa de “generosidades fiscais” que vem dilapidando o recolhimento da principal fonte de renda do estado, o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Finalmente, eu gostaria de saber como se sentem os editores da “Latin Finance” em relação aos prêmios concedidos ao RioPrevidência, especificamente em relação à qualidade da mesma, bem como sua capacidade de inovação num mundo tão competitivo como o das finanças globais. Será que na edição de 2016 o RioPrevidência também emplacar um dos prêmios concedidos pela “Latin Finance”?